A questão polêmica do frete teve decisão no Congresso, essa semana. No campo, a indefinição de valores é motivo de preocupação para transportadoras, comerciantes de insumos e agricultores. O problema, segundo os agricultores, não está apenas em contratos de curta distância. O frete de grãos para os portos de Santos e Paranaguá está custando mais. Um levantamento feito pela Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul, revela que o valor do serviço registrou aumento de até 38%.
O transporte de insumos para a próxima safra também está mais caro. Há casos em que o frete dos produtos registrou aumento de até 112% em relação ao mesmo período do ano passado. Na região sul do estado, tem loja que recebeu comunicado da indústria pedindo uma renegociação de contratos já fechados.
É o caso de uma revenda em Dourados. A empresa fechou a compra das encomendas há 90 dias, mas há cerca de um mês foi procurada pela indústria para renegociar o pedido. “Estamos ainda numa fase de entender como é que nós vamos resolver esse imbróglio. Já foi tudo previamente organizado: as compras, as entregas a composição de custo dos produtos. Agora estamos esperando para ver qual parte vai participar mais desse custo”, fala o comerciante Antônio dos Santos.
Essa semana representantes do setor produtivo de várias regiões do país, divulgaram uma nota em que reforçam as consequências que o tabelamento do frete traz para a economia. Entre os principais reflexos, segundo as entidades, estão a redução das negociações de grãos, queda nas exportações e o aumento da inflação.
“O mercado tem que estar livre, ele não pode ser tabelado e tem que ser oferta e demanda totalmente equilibrada para poder beneficiar todos no segmento”, fala o gestor do departamento técnico da Famasul, Justino Mendes.
O diretor do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas do estado, Dorival Oliveira de Souza, explica que esse modelo de negócio não atende mais às necessidades da categoria. “Ela é interessante, mas, não nesse momento, porque nós estamos com preços defasados há dez anos e o combustível, que é o principal insumo do transporte, nos últimos dez anos, triplicou de preço. Tanto é que ele representava metade do valor da gasolina e hoje ele tem um preço pareado”.
Na quarta-feira, o Congresso Nacional aprovou a Medida Provisória que estabelece o preço mínimo do frete. Foi uma votação a toque de caixa. Primeiro na Câmara dos Deputados e quatro horas depois, no Senado. A MP define uma política, mas não os valores. Quem vai calcular e publicar o piso para os diversos tipos de frete será a ANTT, a Agência Nacional de Transportes Terrestres. O texto diz ainda que fica proibido fechar qualquer acordo ou convenção em condições e valores inferiores aos estabelecidos pela lei e que os dados da tabela serão divulgados duas vezes por ano: em janeiro e em julho.
Está marcada para agosto a reunião que deve definir a nova tabela do frete. Até lá, continuam valendo os valores divulgados no fim de maio.
Por: Globo Rural.