A safra de algodão aumentou 28,5% em relação à última colheita, afirma a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Serão colhidos quase 2 milhões de toneladas de algodão em pluma (1.964.700 ton, no total), um recorde para a safra brasileira.
Entre os principais motivos para o crescimento da produção estão o aumento da demanda mundial e a preferência do consumidor pela fibra natural em detrimento da sintética. O Globo Rural desta semana foi até o município mato-grossense de Nova Mutum, onde os trabalhos estão acelerados para que a colheita termine antes das chuvas.
Por lá, a preocupação com as metas começa bem antes da colheita. “A gente acredita que, na agricultura, 60% do resultado está em função do plantio”, explica o coordenador de produção agrícola Fernando Spolador.
O plantio contou com 12 variedades de algodão distribuídas em talhões que perfazem 32 mil hectares em seis fazendas do grupo. Darci Bortoloto, gerente da fazenda, afirma que o retorno tem sido grande. “Nós tínhamos uma meta de produtividade de 280 arrobas por hectare, mas as primeiras áreas que já temos fechadas estão produzindo acima de 330 arrobas”.
A busca pela qualidade do algodão está presente em todas as etapas de produção. Mas, à medida que vai chegando a hora da colheita, os esforços se intensificam. Por exemplo: assim que a planta começa a abrir as primeiras maçãs, todas as estradas internas da propriedade são fechadas para que a poeira que se levanta com a movimentação dos veículos não manche as plumas.
Adilson Santiago é o supervisor de qualidade do algodão e sua tarefa é cuidar para que o produto atenda as exigências do comprador. “O algodão é um produto que você vende, mas nem plantou ele ainda. Então tem que cuidar para conseguir cumprir com os contratos”, explica.
Na hora da colheita, é grande a movimentação de pessoas e máquinas nas fazendas. Equipamentos mais antigos exigem mais gente, mas as mudanças que têm chegado ao campo transformam o cenário.
Cada vez mais, a evolução de máquinas e equipamentos tem se apresentado como um divisor de águas no processo produtivo. Grandes grupos chegam a desembolsar até R$ 3 milhões numa única colheitadeira. “Vale a pena porque o rendimento é bem maior. Por dia, colhemos 40 hectares com ela”, afirma Ricardo Tokumo, supervisor de agricultura de precisão.
Além do aumento da produção, o uso da máquina diminui o manuseio do algodão. “Temos menos perdas, menos contaminação porque tem menos contato com o solo, a qualidade se preserva”, explica Tokumo. Ele garante que não houve demissões com a aquisição dos grandes equipamentos, já que pessoas sempre são necessárias.
Boa parte dos funcionários vive dentro da fazenda. Para eles, tem refeitório, moradia, plano de saúde e até creche. Já funcionários temporários, chamados safristas têm contrato de seis meses e ficam hospedados nos alojamentos. Geralmente vem de outros estados e por lá não é raro encontrar quem veio, voltou e recomendou o emprego para alguém.
Foi o que aconteceu com o Orlando Matias, que começou seu trabalho como safrista há 14 anos e há oito está efetivado como coordenador agroindustrial na propriedade. “Sou chato na área da qualidade e no cuidado com as pessoas. Fico sempre cobrando para elas estarem bem e, dessa forma, possam fazer a safra todo ano com nós”, diz.
Assim como os trabalhadores dependem do salário e dos benefícios oferecidos pela fazenda, a qualidade da produção na propriedade também depende da eficiência da mão de obra.
Com a melhoria na qualidade do algodão, o Brasil vem conquistando mercado no mundo inteiro e 70% da nossa produção é exportada. E o futuro segue otimista.
“O algodão tem sido uma excelente opção de plantio para o produtor, já que a demanda nas últimas três safras foi maior do que a produção. Então o produtor de algodão está ganhando dinheiro e vai ganhar também na próxima safra com certeza”, projeta Arlindo Moura, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão.
Por Globo Rural