“Como um grande exportador mundial não tem um sistema de infraestrutura adequado para escoar sua produção?” Essa foi uma das perguntas do embaixador brasileiro nos Estados Unidos, Sergio Amaral, à plateia do 17º Congresso Brasileiro do Agronegócio, organizado pela Associação Brasileira do Agronegócio. O evento aconteceu em São Paulo (SP), nesta segunda-feira (6/8).
Ao comentar a questão, Amaral explicou que um dos desafios internos do agronegócio brasileiro é superar a deficiência da infraestrutura e da logística. “Em 1930, tínhamos 30 mil quilômetros de ferrovias no nosso território. Hoje, estamos na mesma, se é que esse número não diminuiu por obsolescência”, disse o embaixador. “Por isso, a prioridade número 1 do próximo governo brasileiro tem de ser a infraestrutura e a viabilização do transporte para o agro”. Outro entrave para o setor no Brasil seria o excesso de regulamentação, apontou.
Em relação ao comércio externo, Amaral garantiu que o Brasil tem grandes oportunidades para crescer como exportador. “Temos vantagens: muita água, terra, e know how para produzir em um país tropical. Somos candidatos naturais para atender o aumento da demanda mundial por alimento”, disse.
Casa em ordem
Ao comentar a guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, Amaral indagou se o Brasil assistiria à revolução agrícola, da tecnologia e do comércio mundial como espectador ou como detentor do know how e da tecnologia. “Se não atuarmos dessa maneira, ficaremos de fora, apenas com uma margem do mercado”.
O desafio a curto para isso, segundo ele, é “colocar a casa em ordem”, fazendo referência aos entraves para o setor agrícola no Brasil. A médio prazo, alerta, é preciso se preparar para o salto da internacionalização do comércio. “Entre outras coisas, é preciso estar pronto para exportar tecnologia e deter o know how da produção”.